Finalmente decidir pôr a mão na massa e escrever sobre um assunto que venho prologando a certo tempo: a diferença que o
movimento escoteiro fez na minha vida. Todo mundo tem aquele pequeno sonho desde criança, certo? Eu, por exemplo, sempre quis fazer aulas de ballet, tocar piano e ser escoteira. Com o tempo a gente vai deixando essas ideias para trás por um motivo ou outro e o meu, por acaso, era de que eu estava ficando muito velha para essas coisas... não podia estar mais enganada.
O meu primeiro incentivo para ir a um grupo escoteiro foi com 9 anos, quando uma amiga minha começou a me contar de todas as brincadeiras que eles faziam e como eles se divertiam todo sábado, enquanto eu estava lá em casa jogando jogos online. Acabei não seguindo em frente com a ideia por problemas financeiros e uns meses depois toda essa vontade acabou esquecida.
A segunda vez que me convidaram para participar de uma atividade foi há dois anos atrás, período de cursinho, muito stress e falta de tempo para outras coisas que não fossem estudar, estudar mais ainda e
passar no vestibular, eu não tinha outra escolha. Embora, dessa vez, não deixei essa vontade adormecer novamente. Tudo bem que tive que esperar todo o ano para conseguir mais tempo livre para atividades extracurriculares no ano seguinte, mas eu já estava enxergando isso como uma meta.
Passei no vestibular. Uma euforia que só. No meio disso tudo eu descobri por acaso que dentro da universidade em que eu iria estudar havia um grupo escoteiro e, como tudo fica relativamente perto da minha casa, nada parecia mais perfeito.
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Bandeirola da Tropa Sênior Anhanga |
Uma coisa que me preocupava era minha idade, não sabia se aceitavam ainda pessoas com 17 anos beirando a 18 e quando cheguei lá me informaram que o movimento escoteiro abrange jovens de 06 a 21 anos incompletos. Fui levada de um canto a outro para conhecer o lugar e as pessoas, enquanto minha timidez me fazia sentir como se apresentações levassem horas para terminar e que aquelas pessoas fossem só mais um conjunto de coadjuvantes na minha vida.
Esse pensamento de que eu não iria me encaixar perdurou por alguns meses, até eu realmente parar de me isolar e começar conversas com os outros escoteiros, quebrando a minha primeira barreira. Descobri que essa é uma das várias vantagens de participar do movimento, você se impõe às próprias limitações e acaba fazendo coisas que não acreditava ou se quer sabia ser capaz de realizar.
E depois de tantos jogos, acampamentos e atividades, posso garantir que o escotismo me trouxe uma
segunda família. Nada se compara à experiência de acampar naquela chuva forte, onde tudo está dando errado, e mesmo assim saber que os seus amigos estão lá cooperando para fazer o melhor possível. Apesar de todos os problemas, de todos os machucados e de todas as gripes que trouxe para casa, o que eu trago e carrego sempre comigo são as boas lembranças. As lembranças que sempre converso com os meus amigos escoteiros, histórias sobre um rappel mal-sucedido, sobre o clássico "Podemos dormir por 30 minutos depois do almoço?" durante uma descida de morro, sobre morrermos de frio e fome durante um acampamento de sobrevivência. Histórias das quais não consigo parar de falar e muitas que ainda estão esperando para serem contadas.
Termino essa breve introdução ao assunto com uma frase que já ouvi, que digo, que ainda direi e ouvirei
muito por aí:
"Ah, se eu tivesse entrado no movimento escoteiro antes..."